segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Recebendo abaixo do mínimo, monitores da UIM articulam greve


 

Os monitores que prestam serviço no Núcleo Estadual de Atendimento Socioeducativo (Neas) de Maceió estão se articulando para uma mobilização e já falam em paralisar as atividades. Eles criticam as más condições de trabalho, alegando que recebem abaixo do salário mínimo (R$ 640, em valor líquido, por mês). Os agentes de segurança também reclamam da falta de segurança dentro da Unidade de Internação Masculina (UIM).

Um agente, que não quis se identificar, afirmou que os menores infratores fazem ameaças de morte diariamente, já tendo sido registradas agressões físicas contra os servidores. Segundo o monitor, os adolescentes fabricam espetos de madeira para amedrontar os funcionários.

De acordo com o segurança socioeducativo, há mais de dois anos, a folha de pagamento não é reajustada. Para ele, o salário líquido no valor de R$ 640 não é compatível com as funções de periculosidade exercidas pelos funcionários. “Nós trabalhamos em extrema tensão e adrenalina diariamente. Todos os dias, os menores dizem que vão nos matar e atingir nossas famílias quando saírem da unidade. O salário que é pago não condiz com as atividades de situação de risco que exercemos”, destacou.

O agente disse ainda que uma média de 12 servidores acompanham, aproximadamente, 180 menores infratores de perto, numa escala de 24h por 72 horas. Os adolescentes caminham livremente pela unidade e apenas são recolhidos às 19 horas para os dormitórios. “Eles ficam junto com a gente a partir das 7h da manhã. Nós acompanhamos eles nas três refeições e nos lanches. São traficantes, homicidas, lado a lado com os monitores”, disse.

Em reunião com o secretário adjunto da Superintendência Geral de Administração Penitenciária (Sgap), tenente-coronel Marcos de Freitas, nessa quinta-feira (30), os servidores do Neas reivindicaram melhorias salariais.

Já o superintendente da Sgap, coronel Carlos Luna, explicou que o núcleo passa oficialmente por um processo de transição e que as questões salariais serão discutidas pela nova equipe técnica que deverá assumir a gestão. “Fui nomeado para coordenar este processo que irá indicar qual estrutura de governo o núcleo irá configurar. De toda forma, estes servidores terão seus salários nivelados ao valor mínimo constituído de R$ 725, já na próxima folha de pagamento”, contou.

Sobre as denúncias de ameaças, o coronel afirmou que, desde que assumiu a coordenação, há pouco mais de dois meses, não há relatos, nem registros formais de coação. “O que pode acontecer são as provocações destes jovens de 12 a 18 anos. Os profissionais que trabalham com este tipo de público deve estar preparado para tais situações”, reforçou, acrescentando que as ocorrências devem ser registradas na ouvidoria ou em delegacias e no Ministério Público Estadual.

Segundo o coronel Luna, o prazo para a entrega de relatórios sobre qual pasta deverá assumir o Núcleo Estadual de Atendimento Socioeducativo é o próximo dia 13 de fevereiro. Também serão entregues estudos para melhorias da infraestrutura, geração de vagas e requalificação das unidades.