sexta-feira, 23 de setembro de 2011

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Polícia decifra tatuagem do crime

Catálogo traduz os diferentes símbolos e inscrições tatuadas no corpo para as diversos delitos
As marcas do crime não se restringem às pistas deixadas pelos criminosos aos investigadores. O “rastro” dos delitos também está cravado e cifrado nos corpos de quem os comete. Mesmo com a popularização e aperfeiçoamento dos desenhos indeléveis, principalmente a partir dos anos 1990, quando os tatuados se livraram do estereótipo “maloqueiro”, símbolos e inscrições ligadas ao crime continuam manifestados desta forma.

Em Bauru, a Polícia Militar está de olho não somente na atitude dos suspeitos. As marcas de tinta nos corpos de possíveis criminosos também são observadas com atenção pela PM. Por meio de um detalhado “catálogo”, ao qual o JC teve acesso, com diversos tipos de gravuras cifradas, a corporação traduz as marcas exibidas por criminosos, registradas espontaneamente ou por determinação de outros presos e membros de facções.

A cartilha, entretanto, não é uma publicação oficial interna da corporação. Concebido informalmente, o documento é uma fonte a mais de informação aos policiais.

Na cidade, observa o tenente-coronel Nelson Garcia Filho, comandante do 4.º Batalhão de Polícia Militar do Interior (BPMI), são comuns entre criminosos as tatuagens alusivas às facções, principalmente o grupo organizado conhecido por forte atuação dentro dos presídios.

A facção dá “o tom” em Bauru representada seja pela figura de um palhaço ou de uma carpa tatuados nos simpatizantes do grupo criminoso. Os desenhos, concebidos de forma rudimentar e totalmente artesanal, atualmente, abrangem figuras até então acima de qualquer suspeita, que, até pouco tempos atrás, nada tinha a ver com qualquer modalidade criminal.

Contudo, o tenente-coronel tranquiliza quem, por ventura, exibe uma figura “do bem”, desvirtuada pelo crime, no corpo. “Os policiais têm visão moderna sobre o assunto. O que é artístico, bem trabalhado, não pode ser taxado como bandido”, diferencia. “Os tatuadores, em grande parte, são altamente profissionais”, reconhece.

Até mesmo o endiabrado personagem Taz-Mania, da turma do Pernalonga, hoje em dia, é utilizado para denotar o “salve” da bandidagem.

Por isso, enfatiza o policial, é fundamental aos que pretendem tatuar o corpo selecionar artistas e estúdios adequados, a fim de evitar garranchos na pele, entre outras dores de cabeça. Tatuador profissional há mais de trinta anos, Johnny Pescatore conheceu as duas diferentes épocas da tatuagem.

Contemporâneo tanto da época em que desenho no corpo era coisa de gente “do mal” quanto dos atuais bons olhos da moda sobre as tatuagens artísticas, ele separa o “joio do trigo”. “Existe uma enorme diferença entre o trabalho artístico com alguma outra forma de tatuagem feita ‘por fora’, até mesmo por criminosos”, observa.


Perante ao inevitável apreço dos bandidos por símbolos hoje livre de conotações “escusas”, o tatuador repete o conselho do tenente-coronel da PM.

“Não posso dizer para que deixem de desenhar isso ou aquilo. O importante é o pessoal buscar algo mais elaborado, há uma grande diferença na maneira de fazer”, reforça.